"Eu quis dizer, você não quis escutar." (Paralamas do Sucesso)
É muito fácil ser legal com as pessoas que a gente gosta. Difícil é encarar diferentes interesses, opiniões e visões de mundo e, mesmo assim, conseguir tirar o melhor de uma relação. E é daí que saem as trocas verdadeiras: da união das diferenças.
Estamos sempre evitando nos comunicar com quem não gostamos, e isso não é nenhuma novidade. Fugimos para pegar um café sempre que alguém começa a falar de política no escritório, colocamos o fone para não ter que conversar com as pessoas na rua e até inventamos desculpas para não irmos nos eventos de família e encontrar com aquele tio que conta piadas de mau gosto ou até mesmo fechamos a câmera e o audio naquela reunião online que os assuntos fogem do controle.
No trabalho, sobretudo em empresas de grande porte, convivemos constantemente com a diversidade: gerações, origens, histórias de vida e perfis de pessoas diferentes. O que não torna nem um pouco mais fácil a nossa comunicação. Aliás, transforma ela em um desafio ainda maior, porque nos coloca de frente com as pessoas que não queremos escutar.
Se já é difícil construir um relacionamento com quem a gente gosta, imagine com quem não tem nada a ver com a gente, né? Mas a comunicação, mais do que um desafio, também é uma ferramenta poderosa para facilitar as relações interpessoais.
Entendendo uns aos outros, somos capazes de conversar.
E conversando, conseguimos criar uma realidade
mais diversa, plural e justa.
É preciso derrubar as barreiras de comunicação e de entendimento que distanciam as pessoas e impossibilitam relacionamentos saudáveis e produtivos. Especialmente no ambiente de trabalho, onde as empresas dependem da boa relação e colaboração entre suas partes.
Times que sabem se relacionar, se comunicar e colaborar,
criam coisas relevantes e transformadoras juntos.
Mas, nos tempos atuais, isso começa com você.
Quem são as pessoas que você evita se comunicar dentro da sua empresa? Em que situações você sente este bloqueio? Por que você acha que isso acontece? Já pensou em alguma forma de se conectar com estas pessoas e encontrar algo que possa unir vocês?
Vamos ver isso na prática:
Imagine que você começou a trabalhar em uma grande empresa como promotor de eventos e precisa de um orçamento do gerente financeiro especificando o valor que poderá ser investido em um próximo evento.
Você chega na sala do gerente, apresenta a proposta, faz suas perguntas e é atacado por diversas reclamações pessoais. O gerente está indignado com o mal uso dos recursos financeiros da organização. Como que pode eles investirem em eventos usando um dinheiro que poderia estar sendo investido nos seguros de saúde que os funcionários tanto precisam?
A solução deste problema não está ao seu alcance, não diz respeito ao seu trabalho, mas mesmo assim o gerente joga toda a culpa em você por estar fazendo o que você é pago para fazer.
De que maneira você agiria nesta situação?
A maioria das pessoas se sentiria horrível e evitaria esse gerente pelo resto da vida. Da próxima vez, faria todos os seus contatos com a área financeira da empresa por meio da estagiária e nunca mais pisaria naquela sala. Afinal, pra quê? Para ser maltratado de novo?
Mas existem muitas formas diferentes de encarar esta situação e lidar com ela. Uma forma bastante eficaz é tentar estabelecer alguma afinidade com a pessoa a partir de outro cenário. Nesse caso, você pode encontrar um interesse em comum com o outro ou até identificar qual é o inimigo que ambos têm em comum.
Por exemplo, partindo do cenário que visualizamos agora: talvez você e o gerente financeiro tenham ambos um grande interesse em aumentar o salário dos funcionários da empresa através do crescimento do lucro da empresa.
Desta forma, vocês podem conversar entre si para trabalharem juntos nisso, investindo em eventos que possam alavancar a imagem da marca e justificar a necessidade de uma melhor remuneração para os gestores.
Ou então, se vocês não tiverem absolutamente nenhum interesse ou objetivo em comum, talvez você possa descobrir o que vocês dois detestam igualmente. Pode ser que ambos odeiem o fato de não terem direito a um seguro saúde por parte da empresa. Neste caso, trabalhe sua conexão com base nisso.
Seja no amor ou no ódio, as pessoas se conectam com iguais. O segredo é você encontrar aquilo que te conecta com cada uma delas. É bem mais fácil se conectar com os outros por meio de coisas que nos agradam, mas às vezes um inimigo em comum pode ser a melhor resposta.
O mais importante é que você não tente fugir. Porque toda conexão é valiosa, independente de quem for a pessoa ou de que posição ela tenha dentro da sua empresa.
A comunicação dentro e fora do ambiente de trabalho é uma via de mão dupla, que pode trazer muitos benefícios e resultados, tanto para o negócio da sua empresa quanto para a sua relação pessoal com o trabalho.
A comunicação executiva é um instrumento de conexão poderoso e potencializador, que pode ajudar no despertar de outras habilidades de relacionamento interpessoal extremamente úteis para o progresso dos colaboradores de uma empresa como indivíduos e como um time. Ela pode gerar maior produtividade, engajamento e eficácia no trabalho de uma empresa, alavancando os resultados de um negócio.
Uma comunicação mais assertiva nos capacita a utilizar a empatia e a escuta como ferramentas de desenvolvimento de uma organização. Mas, acima de tudo, comunicar é uma habilidade muito mais humana do que técnica, que requer autoconhecimento, vulnerabilidade e até criatividade. Ela trabalha nossa capacidade de aceitar a nós mesmos e aceitar nossos próprios erros.