A importância de falhar rápido nos negócios

A importância de falhar rápido nos negócios

Todos os dias podemos observar novos negócios e empresas sendo criadas, revolucionando mercados e mudando a maneira que tomamos decisões básicas do dia a dia.

Mas se pararmos para olhar o caso dessas startups, todas elas passam por um processo onde identificam um problema ou uma necessidade de mercado e nenhuma delas nasceram da noite para o dia. Foi necessário muito trabalho e muito suor para chegar a ter um produto / serviço interessante e “vendedor”.

Pensando nisso nós da Descola resolvemos ir a fundo nesse tema e saber o que é necessário para chegar e construir uma startup de sucesso. Para isso convidamos a TroposLab para bater um papo com a gente e nos contar um pouco da experiência que tiveram em acelerar mais de 100 startups no último ano.

Tendo em mente a importância em falhar rápido e não perder tempo para conseguir testar e validar riscos, fizemos uma série de perguntas sobre esse tema e compartilhamos aqui essa visão com vocês. Mais do que essa entrevista, criamos um curso muito bacana sobre FailFast e contamos tudo pra vocês no final desse post.

Depois de acelerar mais de 100 startups nos últimos anos, qual seria uma falha comum que elas geralmente tinham?

A grande falha que os empreendedores cometem é ficar sempre na sua zona de conforto (que em geral é desenvolver o produto). É bem comum que os empreendedores inventem justificativas para si próprios para não conversar com clientes antes do desenvolvimento, ou não lançar um MVP e sempre esperar pelo produto pronto. Todos acham que o seu negócio e o seu mercado é uma exceção. No meu negócio o design é importante ou preciso de uma solução completa para vender para empresas. Em geral isso é medo de tentar algo novo.

Porque não é aconselhado contratar empresas para realizar validações de MVP e testes de hipóteses?

O processo de validação não se resume aos resultados do teste. O processo é tão importante quanto. No processo o empreendedor muda a sua forma de pensar. Além disso, trazer terceiros para realizar os testes para você gera um processo a mais entre o cliente e o empreendedor. Nesse processo existe informação que se perde e informação que é acrescentada. Mesmo que a empresa contratada para realizar a atividade seja muito boa em repasse de informações, ela vai te passar a opinião e análise dela em cima dos dados. Como empreendedor o maior entendedor do seu próprio negócio é você, portanto a melhor pessoa para analisar esses dados.

Teve alguma startup que através desses testes conseguiu enxergar uma nova oportunidade e “pivotou” para um produto que está dando certo?

Um dos melhores cases de pivot que nós trabalhamos no Tropos é o caso da Construct. Dois americanos que vieram para o Brasil a fim de trabalhar de alguma forma no setor de construção civil. A ideia inicial do negócio era criar uma plataforma para cadastrar profissionais de serviços da construção civil como pintores, pedreiros e eletricistas para facilitar a vida de empreiteiras. Com uma semana eles invalidaram esse modelo e descobriram que o mercado brasileiro ainda é muito confuso para se implementar esse tipo de solução. No entanto, quando foram a campo eles descobriram a desorganização que ainda é hoje um canteiro de obras no Brasil. Desenvolveram uma plataforma web e um aplicativo para ajudar o gerenciamento da obra em tempo real pelo engenheiro, economizando algumas centenas de milhares de reais para as empreiteiras. Hoje já possuem vários clientes e recentemente conseguiram levantar um investimento para expandir sua operação para outras cidades.

Mas existem casos mais famosos como o Easy Taxi que começou como um aplicativo de ônibus, a Coca-cola que começou como um xarope ou a Natura que começou distribuindo rosas.

No curso sobre Failfast falamos de pequenas empresas e startups que estão começando seu negócio. é possível usar a metodologia dentro de grandes empresas? como?

Sim, inclusive muitas grandes empresas estão começando a perceber isso. Hoje grandes empresas implementam essas metodologias de duas formas dentro de seus negócios: tratando departamentos, áreas ou equipes como células de negócio individuais que funcionam como startups ou trazendo startups para dentro de seus negócios no formato de aceleração corporativa.

No primeiro caso, a lógica é simples: uma equipe de desenvolvimento de produtos por exemplo pode ser tratada como uma startup. Para ela é dada autonomia para desenvolver novas soluções, pensar novos modelos de receita e até novas formas de comunicação. Em geral é determinado um orçamento para isso, assim como as empresas já fazem em seus processos usuais.

No segundo caso, as empresas atraem startups de áreas similares a sua ou mesmo permitem que os próprios funcionários criem startups. Um investimento é feito nessas empresas e a propriedade delas é distribuída entre a empresa e os empreendedores. O banco Bradesco começou ano passado o Inova Bra, um programa de aceleração corporativa que atraiu empresas de várias áreas com soluções para o setor bancário. Já a Stefanini preferiu criar seu programa de aceleração voltado para as ideias internas.

Como você vê a importância desse modelo na criação das novas empresas? O quanto você acredita que isso vai ajudar a criar as empresas do futuro e impactar no nosso dia a dia?

A maioria de nós passa pelo processo tradicional de educação: escola, universidade em alguns casos pós-graduações. Esse modelo surgiu na revolução industrial e tem o objetivo de formar profissionais capacitados para trabalhar em grandes empresas.

Hoje cada vez mais pessoas tem procurado começar o próprio negócio, mas a taxa de mortalidade de novos negócios ainda é alta. Porque? Por que as pessoas não foram formadas para serem empreendedores e sim funcionários. O conceito do Fail Fast é um dos modelos que ajuda na formação desses novos empreendedores e ajuda a chance de sucesso desses novos negócios.

Outro ponto importante para esse modelo é o comportamento do consumidor hoje. Até alguns anos atrás estávamos acostumado a aceitar o que nos era oferecido. Por exemplo, a informação chegava as nossas casas através de jornais ou da televisão e já vinha “mastigada” com a visão do veículo que a trazia. Hoje com a internet, pode consumir várias versões do mesmo fato (com muito mais facilidade que há 20 anos). Isso faz com que fiquemos mais críticos em relação ao que recebemos. Nesse contexto em que o consumidor quer ter voz, uma metodologia que escute o cliente tem muito mais chance de sucesso do que uma que tente adivinhar o que ele quer.

A gente sabe que geralmente o empreendedor é muito apegado a suas ideias e tem receio de pivotar. Você tem alguma dica de comportamento para ele encara isso da melhor forma?

Muitos empreendedores se agarram a suas ideias como capitães agarrados ao mastro de seu navio afundando. Os negócios devem ser criados para os cliente e não para os empreendedores. Em geral quando se começa um novo negócio existem alguma motivação maior pelo empreendedor. Pode ser uma motivação financeira (de conseguir a independência financeira a querer construir um negócio bilionário), uma motivação de reconhecimento (ficar conhecido, sentimento de orgulho por ter construído algo) ou uma motivação de impacto no mundo (resolver algum problema como mobilidade urbana por exemplo). Independente da motivação, ela só será atingida se as demais pessoas acreditarem no seu negócio e começarem a consumir os seus produtos e serviços. É preciso sempre ter em mente que a ideia do seus negócio é SÓ a forma que você escolheu para atingir esse objetivo maior. A forma pode sempre mudar.

Qual sua visão sobre o empreendedor brasileiro?

O empreendedor brasileiro é de forma geral menos preparado que o empreendedor de grandes centros como o vale do silício. Ele consome menos conteúdo e tem a oportunidade de menos contatos ao longo do seu desenvolvimento. O que hoje pode ser facilmente corrigido. O conteúdo está na internet, as ferramentas de comunicação permitem que alguém entre em contato com mentores de todo o mundo, e programas de aceleração em geral aceitam empreendedores de qualquer país. Basta aprender a falar inglês.

Além disso o empreendedor brasileiro tende a pensar de forma nacional mas não global. Nossos amigos da América do sul nascem pensando em negócios pelo menos continentais. Um negócio que nasce na Argentina tem que pensar pelo menos no mercado brasileiro, pois eles sabem que só o mercado deles não é suficiente.

Por último ainda vemos que universidade e startups ainda estão muito separadas. As startups desenvolvem muitas soluções pouco tecnológicas e fáceis de serem copiadas enquanto as universidades desenvolvem muita tecnologia sem saber aplicar. Assim em geral acabamos tendo muitos negócios medianos. Quando universidade e o mundo de startups caminharem juntos teremos um avanço significativo nos novos negócios gerados.

Esperamos que a entrevista acima tenha despertado uma série de questionamentos além de responder tantos outros. E pensando nisso que acabamos de lançar um curso sobre FailFast, a importância de falhar rápido para conseguir atingir grandes objetivos mais rapidamente. O curso, realizado em parceria com a TroposLab, comenta entre diversos assuntos Porque falhar rápido? Como identificar oportunidades reais de negócios, como testar suas ideias e negócios, métricas de validação e muitos outros temas.

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