Consciência Negra: Assumir o Compromisso de uma Cultura Antirracista é Dever de Todos

Consciência Negra: Assumir o Compromisso de uma Cultura Antirracista é Dever de Todos

Imagine viver em uma sociedade onde sua cor de pele determina, ainda hoje, o respeito e as oportunidades que você encontra. Essa é a realidade para milhões de pessoas no Brasil. No mês da Consciência Negra, refletimos sobre como todos nós – como sociedade e como indivíduos – podemos contribuir para um mundo onde a cor da pele não defina o destino de alguém.

No entanto, ir além da reflexão e adotar uma postura antirracista requer mais do que boas intenções; exige ação, compromisso e uma profunda revisão de valores.

Alexandra Loras, uma das vozes mais inspiradoras na luta pela igualdade racial no Brasil, traz uma perspectiva que une conhecimento histórico com sensibilidade e vivência pessoal. Desde que chegou ao país, ela tem se dedicado a conscientizar sobre o racismo estrutural e a importância de enxergarmos a verdadeira face da desigualdade. Como educadora e ativista, Alexandra desafia cada um de nós a olhar para o racismo além das estatísticas e vê-lo nas situações cotidianas, nas relações de trabalho e nas barreiras invisíveis que afetam milhões de brasileiros.

Através de seu trabalho, ela nos lembra que o compromisso com a diversidade e inclusão não pode ser pontual, mas deve ser uma prática constante. “Quando a base da pirâmide se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”, destaca Angela Davis, em uma frase que ecoa nas palavras de Alexandra. A mudança só é real quando compreendemos que o antirracismo é uma jornada contínua, e não uma campanha temporária.

No Brasil, o racismo é uma questão que está presente nas estruturas que governam nossas relações sociais, econômicas e culturais. Enfrentar o racismo estrutural exige que reconheçamos as desigualdades que ele sustenta e que estão normalizadas no dia a dia. Para isso, é preciso que cada um, independentemente da cor da pele ou do cargo que ocupa, se responsabilize por combater atitudes e comportamentos racistas.

“É impossível não ser racista quando fomos criados em uma sociedade racista. É algo que está em nós e contra o que devemos lutar sempre”,

A afirmação de Djamila Ribeiro, outra referência na luta pela igualdade. É na prática diária, nas decisões do cotidiano e nas pequenas escolhas que começam as grandes mudanças. Para aqueles que atuam em empresas, isso significa desenvolver uma cultura organizacional que se comprometa a olhar para as questões raciais de forma consciente, incluindo políticas de contratação, treinamentos e um ambiente onde a inclusão seja a regra, e não a exceção.

A Importância do Apoio e da Empatia no Ambiente de Trabalho

Criar uma cultura antirracista é um esforço coletivo e exige que cada pessoa no ambiente de trabalho esteja preparada para lidar com a questão do racismo de maneira empática e ativa. Muitos ainda não sabem como agir quando presenciam uma situação de discriminação, seja ela explícita ou sutil. Nesse cenário, surge a figura do “aliado antirracista” – alguém que, mesmo não vivenciando diretamente o racismo, se compromete a apoiar e atuar ao lado de quem enfrenta essas dificuldades.

Essa aliança começa pela empatia e pelo aprendizado, evitando os “silenciamentos” que frequentemente acontecem por falta de conhecimento. A frase de Toni Morrison, ganhadora do Nobel de Literatura, reflete essa responsabilidade coletiva: “O verdadeiro mal é ver o sofrimento e não fazer nada para ajudar”. Nas organizações, o aliado é aquele que denuncia o racismo quando ele se manifesta e que busca criar espaços onde todos se sintam seguros para contribuir com seu potencial.

A Pureza e a Esperança da Próxima Geração

Um dos pontos mais comoventes da reflexão sobre a Consciência Negra é o impacto do racismo nas crianças e como ele molda a vida de milhões de jovens negros. Quando Alexandra Loras fala sobre como as crianças podem ver o mundo sem os filtros do preconceito, ela nos lembra que nascemos sem preconceitos, mas que aprendemos com as influências sociais e culturais ao nosso redor.

Ao mesmo tempo, é nas crianças que vemos a maior esperança para uma sociedade que possa, no futuro, eliminar o racismo. Nas palavras de Nelson Mandela:

“ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele”.

Essa afirmação nos lembra que a educação antirracista precisa ser levada a sério desde os primeiros anos de vida, tanto em casa quanto nas escolas e empresas, para que cresçam adultos preparados para enxergar o outro de forma humana e igualitária.

O Que Significa Ser Antirracista no Dia a Dia

A adoção de uma postura antirracista exige que estejamos dispostos a agir e aprender diariamente. Ser antirracista é um compromisso com a justiça e a equidade, é perceber que o preconceito existe nas pequenas ações e que podemos combatê-lo sendo mais conscientes e cuidadosos. Desde evitar suposições sobre alguém baseado em sua aparência até buscar uma educação constante, ser antirracista envolve coragem, empatia e, sobretudo, a disposição de revisar nossos próprios vieses.

Para empresas, essa postura exige ainda mais. Não basta criar políticas de inclusão; é preciso que essas políticas sejam vivas, praticadas e incentivadas de maneira consistente. Envolver os colaboradores em práticas de respeito e acolhimento, oferecer treinamentos e construir ambientes onde a diversidade seja celebrada é um começo importante. A adoção de uma cultura antirracista reflete não só nas relações interpessoais, mas também no desempenho e no engajamento dos times.

Uma Jornada de Consciência e Transformação

O mês da Consciência Negra nos lembra que o antirracismo é um dever de todos e que só podemos criar uma sociedade mais justa e igualitária se trabalharmos juntos, diariamente, para enfrentar o racismo em suas várias formas. Essa jornada exige aprendizado, ação e compromisso com um futuro onde todos possam prosperar com dignidade e respeito.

Na Descola, acreditamos na importância dessa transformação e, com o curso "Cultura Antirracista" liderado por Alexandra Loras, convidamos profissionais e empresas a se unirem nessa caminhada. Afinal, construir uma cultura antirracista é uma responsabilidade coletiva e um passo essencial para um futuro mais justo.