Dizem que novas e intensas experiências só fazem bem às novas empresas/startups. Se é verdade, não temos como provar, mas que um Hackathon é algo para ficar na memória de quem participa, isso é fato.
Hackathon? É tipo um Gatorade?
Não, apesar de isotônicos combinarem muito bem com esse tipo de ocasião. Hackathon é um evento com data estipulada, geralmente 24 horas (podendo chegar à uma semana), onde programadores, designers e gerentes de projetos colaboram no desenvolvimento de novos produtos e serviços tecnológicos.
Sim, é uma maratona de trabalho. Mas, é uma daquelas ocasiões em que “a mágica acontece”. Ideias saem mais facilmente do papel, apps/sites que parecem rascunhos ganham vida e em alguns casos, empresas são formadas.
Parece mentira, mas ok. Desde quando isso existe?
A história dos hackathons é recente. Tudo começou em um evento da Sun, empresa de software, no Canadá, em 1999. Na ocasião, 10 programadores se juntaram em uma espécie de “desafio” para elaborar um software criptográfico (bem nerd, eu sei) de forma mais acelerada. Mal sabia essa turma que o formato que estavam criando seria replicado em todo o mundo.
Desde então, surgiram hacktahons dos mais variados tipos. Os mais comuns hoje são aqueles focados no desenvolvimento de novos aplicativos e serviços. Empresas como a Adobe e Skype já compraram outras que surgiram justamente em hackathons.
Surgiram hackathons focados em linguagem de progamação, como o “HTML5-HackDay” e alguns voltados à melhorias de sociedade: em 2014 o governo britânico criou o “DementiaHack”, o primeiro do tipo focado em desenvolver apps e serviços para melhorar a vida de doentes mentais e de seus cuidadores.
Universidades passaram também a promover seus hackathons, uma ótima maneira de promover o trabalho coletivo dos alunos e testar na prática suas habilidades.
Papo estranho. A parada funciona?
Um hackathon não é das coisas mais normais que existem. Tem toda a pinta de “ideia do Vale do Silício”, mas vale a pena. Você pode não perceber, porém serviços que usa no dia-a-dia, principalmente tecnológicos, foram criados nesse esquema. Um exemplo minúsculo, porém muito usado: o botão “curtir” do Facebook, que provavelmente foi usado por você 5 minutos atrás, foi desenvolvido em um “HackDay” do Facebook.
Aliás, diversas empresas promovem seus próprio hackathons. Google, Microsoft, SendGrid e o citado Facebook realizam eventos do tipo, geralmente misturando equipes de programação, design e até de vendas e marketing. Se funciona para eles, pode funcionar para muita gente. A palavra-chave é colaboração.
Foi nesse espírito que a Descola participou de seu 1º Hackthon. O evento teve a participação de diversas outras startups também aceleradas no program Lisbon Challenge e durou 24 horas, entre os dias 24 e 25 de abril, no “Lisbon Challenge Spring Hackathon”.
**Que maluquice, caras. **Foi bom para vocês?****
Como já demos toda a pista lá no começo do texto, é massa. Não é algo que repetiríamos com frequência por motivos de: é extremamente cansativo, mas agilizamos uma série de coisas em um período curto de tempo.
A lógica do processo é interessante. Ao chegar, as startups participantes expões seus problemas e que tipo de ajuda precisam. Pode ser desde “quero mudar meu logo” até “me auxilie a colocar meu banco de dados na nuvem”. Logo após essa etapa, os “helpers”, previamente inscritos para participar, falam seus nomes e habilidades. Bem simples, ao estilo “Sou João, tenho 25 anos e sou designer”.
O começo: startups e ajudantes narram o que fazem.
Geralmente, essa turma é formada ou de universitários interessados em testar habilidades e criar portfólios ou profissionais em busca de emprego ou parcerias com startups que consideram interessantes. Uma vez apresentados, os “helpers” circulavam pelo ambiente, trocando ideias com as startups e vendo onde se encaixam melhor. Se algum vê um desafio que curte ou mesmo se foi com a cara de um empreendedor, senta e começa a trabalhar.
Parece simples, não? Então, começa a parte mais “violenta” trabalhar madrugada adentro, se desdobrar para ajudar e entender um negócio novo ou fazer das tripas coração para acelerar um processo que normalmente demoraria semanas. Dormir? Nem pensar. No máximo um cochilo em algum canto do recinto e olhe lá.
Isso tudo dá ao processo um quê de gincana e também ares de filme de ficção científica. Daqueles onde um foguete está prestes a explodir e uma improvável e nova equipe vai lá e resolve o problema.
Cochilo não é vacilo. Teve gente que dormiu ao estilo “planking”
Deu gosto de ver a evolução de vários projetos ao final do processo. Teve startup que além de site, ganhou novo logo, comunicação visual e cartão de visitas feitos por uma designer. Outra, remodelou totalmente a arquitetura de informação e até teve gente que com a ajuda de programadores e designers mudou totalmente o foco de negócio.
Uma vez finalizado o período, todos sobem em um improvisado palco para mostrar as melhorias feitas e logicamente, felicitar os bravos ajudantes.
Entendi. Quem ajudou a Descola?
A parte mais louca da história: no nosso caso, ninguém. Tínhamos problemas específicos e os programadores presentes não conseguiram nos ajudar. Mentira, alguns conseguiriam, mas foram “seduzidos” por outras startups antes de nós. Sem problemas, regras do jogo. Decidimos não ir embora, aproveitar o momento e trabalhar no nosso limite. Conseguimos acabar com uma “to-do list” de semana inteira em poucas horas. O segredo? Em um ambiente desses não há interrupção.
Parece trivial, mas não é. Pergunte-se qual foi a última vez que você ficou mais de 1 hora sem receber mensagens ou emails no horário de trabalho? Pois é. Mas, na madrugada, o papo é outro. É só você, um bando de malucos ao redor e algumas latas de energético. O flow é outro, se trabalha mais focado. Se termina de forma mais ágil a tarefa designada.
Esse foi o relato do nosso 1º Hacktahon. Primeiro de muitos? Só o tempo dirá. Útil? Seguramente. Então, se algum dia uns doidos te chamarem para “um tipo de gincana onde se trabalha 24 horas seguidas”, não vire os olhos, pode sair coisa boa daí!