Que tal um feedback para chamar de seu?

Que tal um feedback para chamar de seu?

Andrew Neiman é um estudante do melhor conservatório dos Estados Unidos. Seu sonho é se tornar um dos melhores bateristas de Jazz, mas, para isso, ele decide que precisa do feedback de Terence Fletcher, um professor que é extremamente exigente com seus alunos e tem uma técnica um tanto quanto diferente para ensinar e dar suas devolutivas. 

Esse é o enredo do filme Whiplash - Em Busca da Perfeição, estrelado por Miles Teller no papel de Andrew e JK Simmons no papel de Terence Fletcher. Se você já assistiu a essa produção, deve se lembrar da cena memorável da cadeira, em que Terence é extremamente duro e exigente em seus feedbacks, jogando uma cadeira para mostrar que Andrew não estava fazendo o exercício como deveria. 

Você pode ver essa cena aqui se ainda não assistiu ao filme:

E se fosse com você: como você reagiria se te jogassem uma cadeira para mostrar que você estava errado sobre algo? Apesar de Terence ter uma motivação com esse tipo de feedback, não é a melhor forma de agirmos com as nossas devolutivas. Já imaginou se todo mundo começasse a jogar cadeiras por aí?

Feedback: breve história

Teóricos vêm estudando a evolução do feedback e eles acreditam que essa é uma prática que vem sendo usada no ambiente corporativo desde a década de 1950.

Mas o que é o feedback?

Segundo Douglas Stone e Sheila Heen, o feedback é qualquer informação que recebemos sobre nós mesmos e é a partir dele que temos a oportunidade de nos conhecermos e sabermos mais sobre nossas próprias experiências. 

De acordo com o dicionário Merriam-Webster, o termo feedback foi usado na década de 1860, durante a Revolução Industrial, para se referir ao modo como a produção de energia, a quantidade de movimento ou os sinais de saída retornam ao ponto de partida em um sistema mecânico. 

Já em 1909, a palavra foi usada por Karl Braun, vencedor do prêmio Nobel de Física, para designar as conexões e os loops de um circuito eletrônico. Posteriormente, um novo sentido para feedback: dessa vez, o termo foi usado para nomear a recirculação do som em um sistema de amplificação.

Foi apenas depois da Segunda Guerra Mundial que o feedback começou a ser usado para as relações de trabalho, no que dizia respeito ao desempenho das pessoas. Faz bastante sentido agora pensar que a geração posterior à guerra é justamente aquela que começa a receber feedbacks mais diretivos, não é mesmo?

E podemos provar que, de fato, não houve muitas melhorias no processo de dar o feedback, graças à pesquisa feita pela Globoforce, em 2011. Nela, 55% dos participantes responderam que achavam suas análises de desempenho injustas ou inexatas, ou seja, não ficavam muito contentes com o que escutavam de seus superiores.  

Será que as pessoas continuam com essa visão do feedback?

O que você sabe sobre feedback? Vamos pensar nestas respostas com um quiz: veja as afirmações a seguir e marque se você acredita que elas são verdadeiras ou falsas.

  1. O feedback positivo reforça um comportamento aprovado; o feedback corretivo indica necessidade de mudança. 
  2. Só é realmente necessário dar feedback quando algo dá errado, afinal, espera-se que as pessoas tenham um bom desempenho e um comportamento adequado.
  3. Se você fosse obrigado a dar apenas um tipo de feedback, não hesitaria em dar o positivo em vez do corretivo.
  4. Se os seus comentários sobre uma pessoa se concentram no que ela faz bem, ela certamente se tornará mais consciente a respeito de sua performance.
  5. Ao dar feedback corretivo com o objetivo de modificar um comportamento de alguém, não deixe que outra pessoa assuma a responsabilidade pelo o que fez.
  6. Ao dar um feedback positivo, descreva com clareza o comportamento e/ou os resultados gerados que você gostaria de ver repetidos.
  7. O feedback corretivo funciona melhor quando aplicado a comportamentos específicos e imediatamente após o ocorrido. 

Hora de saber o que você pensa sobre o feedback! O quiz que você respondeu anteriormente não é qualquer quiz. Esse é um questionário elaborado por Dr. Hank Karp, autor do livro The Lost Art of Feedback, muito utilizado por Richard Williams, autor do livro Preciso saber se estou indo bem.  

E vamos de resultado? A primeira questão apresenta exatamente o conceito de feedback positivo e corretivo, os quais explicamos um bem nos capítulos do curso, portanto, é uma afirmação verdadeira. 

Já na segunda questão temos o reflexo da cultura em que vivemos:

“Se está tudo bem, não preciso dizer nada, só vou dar um feedback se existir algum problema.”

E essa é uma afirmação que talvez você possa ter errado, já que muitas pessoas acreditam nesse senso comum. Mas vamos parar para pensar. Imagine que um colaborador da sua equipe está tendo um desempenho excelente, digno de uma promoção, porém, como está tudo indo muito bem, ninguém fala nada. Percebe o quanto esse colaborador deixou de ser reconhecido e valorizado por estar fazendo tudo certo?

Na terceira afirmação, você também pode ter ficado na dúvida na hora de responder. Algumas pessoas consideram que somente o feedback corretivo pode provocar mudanças, quando, na verdade, o positivo também pode fazer isso. Experimente falar as coisas boas que um membro da sua equipe vem fazendo e note como sua produtividade e motivação podem melhorar. A afirmação quatro representa justamente isso, logo, é verdadeira. Quando um colaborador sabe de seu desempenho, ele se torna mais consciente para as ações que realiza, podendo aumentar ainda mais sua performance. 

A quinta questão é mais uma feita para te fazer errar ou, ao menos, titubear na resposta. É comum pensar que dividir as responsabilidades torna o feedback melhor, porém, se a pessoa não for capaz de reconhecer suas próprias ações, dificilmente haverá um comportamento de mudança. Por conta disso, essa é uma afirmativa falsa, mas que várias pessoas acreditam que possa ser verdadeira. 

Para finalizar, já podemos adiantar que as duas últimas questões são verdadeiras. Ao dar um feedback positivo, realmente, precisamos descrever o comportamento com clareza, bem como revelar os resultados que você gostaria que fossem repetidos. Além disso, o feedback corretivo funciona melhor se aplicado a comportamentos específicos e imediatamente após o ocorrido. 

E, então, como você se saiu nesse teste? Se não foi tão bem quanto gostaria, não se preocupe, estamos aqui para te ajudar a reconstruir a visão de feedback que você tem na sua cabeça. Conhecer os princípios do feedback pode te ajudar com isso. Vamos ver quais são eles?

Os princípios do feedback

Para conhecer a prática do feedback e aprender a fazer boas devolutivas, bem como saber lidar com a reação do outro, há cinco princípios que vão garantir o sucesso da sua comunicação e a construção das pontes entre quem fala e quem escuta. 

  1. A qualidade dos seus relacionamentos é proporcional à quantidade e qualidade de feedback que você dá e recebe;
  2. Gentileza gera gentileza;
  3. O contato visual é um tipo de feedback;
  4. As pessoas precisam de feedback;
  5. Negar um feedback pode ser um castigo psicológico. 

Sendo assim, precisamos entender que quanto pior for o feedback, piores serão as relações que mantemos no trabalho, já que a tendência é que as pessoas se afastem de quem só critica e ofende. Ao contrário, quando o feedback é positivo, as relações aumentam, pois é gratificante estar perto de quem mostra que quer o bem do outro e se preocupa com o bem-estar alheio.

É dessa forma que apostar na gentileza acaba sendo sempre uma ótima opção. Dar bom dia ao funcionário e perguntar como foi seu final de semana já é pedir um feedback de grande valor para a maioria das pessoas. E assim como a gentileza acaba sendo um tipo de feedback, o contato visual também, pois demonstra a necessidade de olhar para o outro para demonstrar que sua opinião é importante. 

Além disso, é preciso entender que pessoas precisam de feedback, algumas mais do que outras, ou seja, é necessário compreender quais colaboradores requerem mais feedback, dando maior atenção e disponibilidade a eles. Por essa razão, negar feedback a alguém pode ser considerado um castigo psicológico, já que você priva o outro de ter uma opinião sobre o seu trabalho e desempenho. 

A partir desses princípios, já podemos seguir na construção de um aprendizado maior sobre aplicação dos feedbacks. Se quiser se aprofundar no tema e como pensar em feedback para o ambiente corporativo temos um curso muito bacana para te recomendar 😜

O que é feedback - curso descola